quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A chuva

A chuva veio dar o ar de sua graça
sempre sem medo de ser feliz
lava a alma, ruas e praças
enquanto a admiro como um eterno aprendiz.

(DenisSantos)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Principal


Sou protagonista da estória da minha vida
escrita nas paginas de um roteiro baseado em fatos reais
nela não existe risos e feridas
apenas lindas utopias emocionais

(Denis Santos)

Lágrimas

Lágrimas que lavam a alma
Lágrimas que afogam a dor
Lágrimas que não pedem calma
Lágrimas que desconhecem o amor

(Denis Santos)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Amar como um erro

Fui escravo de um destino que não escrevia certo por linhas tortas,

me tornei alvo de conseqüências sem conhecer o meus atos que impulsionaram tamanho feito,

me defendi como pude, agredindo verbos, expurgando palavras, fechando janelas, trancando portas,

quando queria apenas acreditar que o amor não passava de um simples defeito.

(Denis Santos)



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O amanhã

A escassez que revira os meus pensamentos,
me faz retratar a minha condição sobre a felicidade,
logo não viverei somente para chorar e atribuir lamentos
e sim tentarei conciliar a esperança com a minha ansiedade.

(Denis Santos)

Música - Novo álbum do Foo Fighters vai ter reunião de Dave Grohl e Krist Novoselic



Dave Grohl
e Krist Novoselic vão voltar a tocar juntos. Não é uma reunião do Nirvana, nem nada. É "apenas" o novo disco do Foo Fighters - o mais pesado até agora, disse Grohl à BBC. "Cada música está no seu máximo, o álbum todo está no seu máximo. Entre as 14 músicas não há uma única com violão. Nem tenho um violão em casa", completou.

O álbum está sendo feito à moda antiga e no melhor estilo faça-você-mesmo na garagem de Grohl. "Estamos gravando tudo no velho estilo analógico", disse ele sobre o álbum que em várias formas lembra suas raízes de Nirvana. O trabalho está sendo produzido por Butch Vig, que fez Nevermind, e vai contar com a participação especial de Novoselic no baixo. "Este projeto está sendo muito legal. Não fazia um disco com o Butch há 20 anos", comemora o líder da banda.

Até agora, já foram editadas sete faixas e a banda quer preparar mais umas cinco ou seis. Todo o processo de gravação está sendo documentado e será usado na época de lançamento do álbum, previsto para 2011.

domingo, 24 de outubro de 2010

Eu vi !


Alguns homens nascem apenas para a guerra. Roberto Nascimento, o já icônico personagem vivido por Wagner Moura, é uma dessas pessoas. No final de “Tropa de Elite”, Nascimento fora abandonado por sua esposa grávida, o que lhe desmotivou da ideia de sair do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE) do Rio de Janeiro. Anos se passam e o agora Coronel Nascimento ressurge para o público neste “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro”.

Esta sequência, tal qual o original, tem em seu leme o diretor José Padilha, que escreveu o roteiro do longa ao lado de Bráulio Mantovani. A dupla, de maneira inteligentíssima, traz um exercício de metalinguagem como pontapé inicial do filme. Após uma ação do BOPE no presídio de Bangu I que trouxe graves repercussões políticas, os dois líderes do batalhão, o Coronel Nascimento e o Capitão Mathias (André Ramiro) tiveram “punições” diferentes. Nascimento foi elevado (tal como na realidade) à posição de herói por sua resposta firme (para não dizer excessiva) junto aos criminosos, assumindo o cargo de Subsecretário de Segurança Pública. Já Mathias é usado como bode expiatório pelo governo e expulso em desonra do BOPE.

Na posição ideal para conseguir travar sua luta contra o tráfico de drogas, Nascimento descobre que a situação não é tão simples quanto ele pensava, percebendo que as raízes da corrupção são bem mais profundas do que meros policiais subornados por traficantes. Além de encarar um inimigo que parece ser onipotente, o Coronel ainda tem de encarar a própria solidão, encontrando-se afastado do filho e vendo sua família sendo chefiada pelo ativista político Fraga (Irandhir Santos), seu maior crítico público. Os desafios enfrentados por Nascimento convergem de maneira explosiva em um conflito que mudará toda a percepção de realidade do personagem.

Interessante notar que Padilha pega todas as crenças e certezas que Nascimento tinha no primeiro filme e as desconstrói de maneira brilhante aqui. Em dado momento, Nascimento imagina as consequências de seu plano para a segurança pública, apenas para depois a audiência compreender, com a ajuda do próprio personagem, que nada do que fora planejado realmente aconteceu. Deste modo, a continuação não funciona apenas como um mero desdobramento dos temas propostos na primeira fita, mas como uma evolução daquele longa, mostrando que a resposta meramente coerciva para o problema da violência funciona tão bem quanto um band-aid para uma perna gangrenada.

Diga-se de passagem, a produção é tão sutil quanto um rolo compressor ao mostrar algumas de suas facetas. Sua violência é tão explícita quanto a hipocrisia política de seus “vilões”, sendo difícil saber qual das duas provoca mais revolta e asco junto ao público. Em um momento catártico, Nascimento surra sem dó ou piedade um político corrupto. Essa falta de sutileza merece ser saudada, pois a fita transmite, sem dourar a pílula, quão grave e assustadora é a situação nada fictícia que é mostrada.

O elenco é simplesmente magnífico. Wagner Moura entrega uma das performances mais arrebatadoras que já tive o prazer de assistir, com o Coronel Nascimento revelando a cada instante sua frustração perante seu verdadeiro inimigo. Ora, Nascimento é um homem que nasceu para a luta, tanto que os momentos de ternura e de diálogo que possui junto ao filho são em um tatame de jiu-jítsu. Colocá-lo em meio ao território inimigo completamente fora de seu terreno de ação foi crucial para nos mostrar um lado mais frágil daquele homem e fazê-lo rever suas crenças.

Enquanto no primeiro longa o Nascimento que víamos na farda preta era um leão altivo, cujos conflitos psicológicos irromperam quando da gravidez de sua esposa, todas as cenas que retratam o personagem de terno e gravata nesta continuação mostram um homem apequenado, embora não pare de lutar contra a sujeira ao seu redor, algo retratado por Moura na postura física de seu personagem e do cansaço em sua voz. A evolução de Nascimento dialoga diretamente com o clássico policial “Serpico”, inclusive na desconstrução de crenças dos protagonistas de cada produção. Acreditem, Wagner Moura merece a comparação com Al Pacino.

Irandhir Santos foi um verdadeiro achado para o papel de Fraga. Com um personagem tão forte quanto Nascimento do outro lado do espectro, seria muito fácil transformar um ativista social em uma figura caricata, mas Fraga vai além de ser apenas um contraponto inteligente ao Coronel. O respeito mútuo que nasce entre os dois homens também advém de um arco narrativo que é bem explorado por Santos para apresentar diferentes camadas ao seu personagem, como o ciúme que sente de sua família.

André Ramiro aparece pouco, mas aparece bem, de volta ao papel de Mathias, uma das peças cruciais no verdadeiro jogo de xadrez que é esta película. Ramiro possui duas cenas em especial (ambas ao lado de Wagner Moura) em que o ator se apresenta no mesmo nível que Moura, mostrando que Mathias está longe de ser aquele rapaz idealista do começo do primeiro filme.

Outro egresso da fita original, Milhem Cortaz diverte (e enoja) como o covarde e corrupto Coronel Fábio. Falando em figuras detestáveis e cômicas, André Mattos dá um show como um demagogo apresentador de programa policial sensacionalista que se torna um político hipócrita. Sandro Rocha, que na primeira produção teve um papel pequeno, aqui retorna como o Policial Rocha, grande antagonista de Nascimento e líder das milícias, nova facção criminosa que se apresenta. Perigoso, corrupto e sanguinário, Rocha é um necessário vilão “clássico” que aparece em um longa onde o próprio sistema é o inimigo.

Tecnicamente, o longa é perfeito, com Padilha trabalhando com a mesma equipe do original. Montado por Daniel Rezende de modo que se torna impossível tirar os olhos da tela um momento sequer, “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” hipnotiza por seu ritmo empolgante e pelo trabalho fenomenal de câmera realizado em suas cenas de ação, que remete às produções de Paul Greengrass, principalmente ao recente “Zona Verde” (aliás, reparem na “Operação Iraque” que acontece em dado momento do filme).


A fotografia desempenha um papel ímpar aqui, com Lula de Carvalho utilizando um jogo de luz e sombras não apenas para capturar a ação da melhor maneira possível, mas também para capturar os sentimentos dos personagens. Note, por exemplo, o momento em que Nascimento chega em casa após a ação em Bangu I, para seu sombrio e espartano apartamento e compare com o ambiente repleto de iluminação, com cores quentes e acolhedoras onde sua família e Fraga vivem.

A evolução mostrada nos temas e na técnica do primeiro filme para este não desmerece de modo nenhum o longa original, que ganha ainda mais força ainda com o crescimento pessoal de Nascimento na sequência. Mais do que uma sucessão de tiros e frases de efeito, “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” é uma obra densa e destemida, que não se furta em expor os problemas de uma sociedade doente e de um sistema político moribundo. Recomendado.

Nota: 10 (texto extraido do site cinema com rapadura)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Eu vi !


“Garoto conhece garota”. Esse é o mote de um número incalculável de comédias românticas, das fenomenais às imbecis. O que pega em tais histórias é que, quase que invariavelmente, os protagonistas destas são almas gêmeas que logo perceberão que foram feitos um para o outro e viverão felizes para sempre.

Vamos e convenhamos, as chances disso acontecer na vida real são as mesmas de ganhar na Mega Sena duas vezes seguidas. Dai veio “500 Dias Com Ela”, fita despretensiosa, roteirizada por desconhecidos e dirigida por um novato que, mesmo mantendo a fé no romance idealizado, mostra uma história mais pé-no-chão.

Tom Hansen é o nosso personagem principal. Vivido por Joseph Gordon-Levitt, Tom é um romântico arquiteto que estacionou na vida, abandonando sua vocação por não se achar bom o suficiente e parado há quatro anos em uma agência de cartões, encontrando modos de outros expressarem seus sentimentos em poucas linhas. Certo dia, o jovem conhece Summer Finn (Zooey Deschanel), a descolada nova assistente de seu chefe que, simplesmente, não acredita em amor.

Com uma “ajudinha” de seus amigos, Tom deslancha um relacionamento com Summer, que acaba terminando em desastre. Durante os 500 dias que sua ligação com a garota durou, o rapaz passa por uma verdadeira montanha-russa emocional, que acompanhamos durante o filme. Aí é que entra o diferencial do longa: não é sobre o romance de Tom e Summer, mas sim sobre os sentimentos dele durante esse período de um pouco mais de um ano.

Como acompanhamos o filme pelo ponto-de-vista de Tom, conhecemos Summer pelos olhos idealizados dele, o que joga boa parte da responsabilidade em fazer o filme crível nos ombros da intérprete da garota. Afinal, se não nos apaixonarmos por ela, toda a película vai abaixo. Nesse sentido, Zooey Deschanel foi uma escolha perfeita. Longe de ser uma bonequinha de luxo hollywoodiana, a atriz é linda de um modo mais “comum”, embora seus olhos sejam simplesmente hipnotizantes.

Além disso, a personalidade direta e extrovertida de Summer casou muito bem com a atriz, lembrando levemente sua personagem em “Quase Famosos”. A soma desses fatores nos faz compreender porque Tom a viu como “a sua escolhida” logo de cara. Por falar no nosso protagonista, a função dele é a de nos representar dentro do filme.

Um tanto introvertido, mas ainda passional, as reações de Tom à medida que o relacionamento entre ele e Summer avança conseguem realizar um elo de identificação entre ele e o público que simplesmente carrega o filme, algo que acontece graças ao carisma e simpatia do talentoso Joseph Gordon-Levitt. Seja nas partes mais alegres ou (principalmente) nas mais melancólicas, muita gente vai se enxergar nos sapatos do escritor de cartões. Ora, quem não chorou, se deprimiu ou se embaraçou por conta do amor de outra pessoa?

Diretor de primeira viagem, Mark Webb abraça a premissa do filme em acompanhar não o casal, mas o contraste entre os sentimentos durante a relação. O recurso da narrativa não-linear foi aplicado justamente para nos fazer navegar de um modo mais interessante por esse verdadeiro mar revolto pelo qual Tom passa durante esses 500 dias. Em mãos menos sensíveis a isso, certamente esse projeto se tornaria apenas mais um na imensidão de comédias românticas por aí.

Webb lança mão de recursos visuais deveras interessantes para nos mostrar o interior do coração de Tom, como dividir a tela entre as expectativas e a realidade do protagonista em relação a uma situação e também “apaga” o mundo de Tom quando este aparentemente se vê no fundo do poço. Algumas cenas, que podem ser um tanto quanto “surreais” demais, como a musical ou o sonho de Tom, são relevantes para nos mostrar o estado de espírito do rapaz, com tais sequências citadas servindo até como contraponto uma para a outra.

Outro momento de destaque são os depoimentos de Tom em relação a certas características de Summer durante diferentes dias do relacionamento, mostrando como o ponto de vista de alguém em relação à outra pessoa pode mudar, dadas as circunstâncias. No entanto, Webb também escorrega em determinados pontos.

Dentre tais problemas temos a narração, que se mostra intrusiva por algumas vezes, simplesmente falando o óbvio em certos momentos. Já uma sequência na qual alguns personagens falam um pouco sobre o amor soa, se não totalmente inútil, deslocada em meio à narrativa. Tratam-se de pecadilhos que ocorrem durante o filme que, considerando a inexperiência do cineasta, são perfeitamente compreensíveis.

Mais um belo acerto do longa é a sua trilha sonora, que casa perfeitamente com a trama. Considerando que uma das coisas que aproxima Tom e Summer é o amor dos dois pela música pop, a trilha realmente teria de ser escolhida a dedo. A direção de arte e os figurinos do filme também estão de parabéns, nos ajudando a adentrar e acreditar no mundo daqueles indivíduos.
“500 Dias Com Ela” é sim um belo filme, assim como uma ótima terapia para os românticos sofrendo com corações partidos.
Nota: 9,0 (Denis Santos)

Eu vi !


O diretor Ridley Scott, do alto de suas sete décadas de existência, cinco delas dedicadas ao cinema, já deu inúmeras provas de que grandes filmes começam com grandes histórias. Desde “Alien, o Oitavo Passageiro”, de 1979, passando por “Blade Runner – O Caçador de Andróides”, até chegar àquele que foi reconhecidamente seu maior êxito, “Gladiador”, de 2000, o cineasta não se faz de rogado ao assumir a tarefa de filmar roteiros épicos.

Sua última aventura, “Robin Hood”, inaugurou a 63ª edição do Festival de Cannes e chegou aos cinemas comerciais no dia seguinte, com a promessa de salas de cinema lotadas e uma divulgação massiva na imprensa especializada. Ao lado de sua direção arrojada está um roteirista premiado e um time de atores competentes, que transmitem a sensação de que a lenda do ladrão inglês nunca foi tão bem adaptada.

O americano Brian Helgeland, vencedor do Oscar pelo roteiro adaptado de “Los Angeles – Cidade Proibida”, em 1998, recebeu de Scott a tarefa de melhorar a história do herói. Para o diretor, o filme deveria fugir da mesmice das adaptações anteriores e deixar de lado a fama do ladrão que “rouba dos ricos para dar aos pobres”.

Com o script em mãos, Scott deu vida aos acontecimentos que culminaram na criação do mito Robin Hood e a fama de benfeitor e justiceiro foi deixada para a sequência final, em uma espécie de epílogo. Se a opção do cineasta e o trabalho do roteirista causam certo estranhamento no início da exibição do filme, logo percebemos que a narrativa tornou-se mais realista e divertida.

O elenco de estrelas entra em cena e garante que a qualidade do longa vai continuar com nível elevado. Russel Crowe, como protagonista, apesar de aparentar certo cansaço e pouca habilidade com o manejo do arco e flecha, consegue cumprir bem seu papel de herói virtuoso e está, perceptivelmente, em perfeita sintonia com as ordens de Scott. Cate Blanchett vive Lady Marion, viúva de um dos membros do exército inglês, e como já era de se esperar, rouba a cena em todas as sequências da personagem. Sua atuação segura garante dinamismo ao papel que originalmente não receberia muito destaque na trama.

Se a personalidade e a importância de Lady Marion foram discretamente mascaradas para dar destaque ao potencial de Blanchett, Robin Hood passou por um processo de purificação que não convence o espectador e não combina com o ritmo ágil da produção. O ladrão é retratado como um homem cheio de virtudes e livre de qualquer falha ou desvio de caráter. A elevação de personagens a níveis que beiram o sublime, em detrimento da retratação de seus traços lascivos, é um recurso que, quase sempre, prejudica a qualidade final do produto. Com Robin Hood não é diferente.

Também incomoda a tentativa de tiranizar o exército francês e projetar as incontáveis qualidades dos guerreiros ingleses. O grupo inglês exibe técnicas cruéis, armamentos curiosos e espalha tanto sangue quanto os inimigos franceses. Seus guerreiros, porém, são retratados como justos e movidos por uma causa maior, enquanto os inimigos são trapaceiros, vis e sem escrúpulos.

Apesar dos exageros na caracterização dos personagens, a agilidade do filme não permite que tais observações atrapalhem a narrativa e Scott sabe como ninguém conduzir uma história sangrenta. As sequências de batalhas são belamente filmadas e os planos profundos, com milhares de guerreiros, cavalos e barcos de guerra, impressionam. Todas as características técnicas de “Robin Hood” podem ser encontradas em “Gladiador”, e o que diferencia as duas produções é a falta de carga dramática e preferência pela velocidade do novo filme. Aqui, não há tempo para emoções de corações destruídos.

A importância de “Robin Hood” provavelmente não vai tomar o posto ocupado por “Gladiador” na filmografia de Scott, mas serviu para reafirmar a capacidade de realizar um bom filme, mesmo com uma história amplamente conhecida e trabalho técnico retirado de uma produção anterior, sem traços notáveis de inovação.
Nota: 7,0 (Denis Santos)

Eu vi !


Depois de renascer das cinzas com a primeira aventura do Vingador Dourado, Robert Downey Jr. se mostra ainda mais a vontade neste “Homem de Ferro 2”. No entanto, não vá aos cinemas esperando um filme de ação contínua. A fita, comandada por Jon Favreau e roteirizada por Justin Theroux (“Trovão Tropical”), se apóia mais nos seus personagens do que na pirotecnia, fazendo de Tony Stark (Downey) o seu maior atrativo.

Seis meses se passaram desde que Stark revelou ao mundo que é o Homem de Ferro e o magnata simplesmente revolucionou o mundo, seja por meio dos seus avanços tecnológicos ou por suas ações como o herói blindado. No entanto, seu corpo está sendo envenenado pelo próprio dispositivo que o vinha mantendo vivo desde a fita passada, com sua morte iminente levando-o a cometer uma série de erros de julgamento (ou atos de irresponsabilidade).

Enquanto os relacionamentos de Tony com sua “amada” Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) e com seu melhor amigo Jim Rhodes (Don Cheadle) começam a se desgastar por conta de suas atitudes, novos adversários surgem para o Homem de Ferro, como o cientista russo Ivan Vanko (Mickey Rourke), determinado a acabar com a família Stark por ações cometidas pelo pai do herói no passado, e o incompetente industrial armamentista Justin Hammer (Sam Rockwell), cujo objetivo é derrubar seu competidor industrial do mercado, aproveitando a relação delicada de seu adversário com o Governo dos EUA.
Para lidar com essas novas ameaças, Stark contará com a ajuda da S.H.I.E.L.D., agência de espionagem, chefiada pelo misterioso Nick Fury (Samuel L. Jackson), que cuida de situações “especiais” no universo do filme.

Sim, “Homem de Ferro 2” possui várias tramas e intrincados relacionamentos. No entanto, o texto de Theroux cuida de todos eles de uma maneira bastante coesa e orgânica, sem falar de divertida. Aliás, a palavra-chave do filme é “diversão”. Mesmo nos momentos mais sérios, o próprio Tony Stark nos relembra de que ele é alguém com planos, mesmo que estes sejam falhos e levem a ações potencialmente desastrosas e embaraçosas.

O único meio que Stark tem para demonstrar que possui as coisas sobre o seu comando é com a arrogância que ele exala, ainda que em momentos mais privados ele se mostre até mesmo amedrontado com as consequências de seus atos. Em dada cena, ao se encarar em um espelho, o próprio Tony se pergunta, consternado, se ele possui mais alguma ideia ruim.

É essa complexidade do homem por trás da máscara dourada do Homem de Ferro que faz este segundo longa ser tão eficiente. Downey Jr. compreende isso e eu duvido que qualquer outro ator conseguisse fazer de Tony Stark um personagem tão humano e simpático assim.

Se nós não nos sentimos tão traídos e abandonados por ele como Pepper e Rhodes se sentem em dado ponto do filme é porque o ator nos faz enxergar os dilemas pelos quais Tony passa. Sim, rimos de sua prepotência e das suas loucuras, mas entendemos as motivações por trás delas.

Desse modo, o Homem de Ferro surge por conta de Stark e não apesar dele. O público não fica ansiando pela próxima cena de ação estrelada pela armadura, mas quando elas surgem o fazem de maneira orgânica, requisitada pela história, algo que pode desapontar os fãs da escola Michael Bay de cinema, mas que funciona de maneira quase perfeita dentro do filme, com a exceção de uma pequena “barriga” na narrativa durante o segundo ato.

Os demais personagens surgem por conta da própria história. É interessante notar que os dois vilões do filme, Vanko e Hammer, são contrapartes distorcidas do próprio Stark, quase que como reflexos de suas duas facetas, algo colocado pelo filme e não esfregado na cara do público. Não é à toa que a primeira aparição do personagem de Mickey Rourke lembra e muito uma das cenas do primeiro “Homem de Ferro”.

Além disso, a química entre Rourke e Rockwell é ótima, resultando em momentos engraçadíssimos dentro da história. Mesmo com o personagem de Rourke possuindo uma motivação essencialmente dramática, jamais ele deixa com que Vanko se torne uma criatura excessivamente sombria, algo que destoaria da proposta do filme.

Don Cheadle substitui com competência Terrence Howard como Rhodes, embora tenha faltado um pouco mais de intensidade em sua interpretação, até por conta do próprio arco que o militar passa no filme. Gwyneth Paltrow faz apenas o arroz com feijão como Pepper Potts, sendo eclipsada totalmente pela Natalie vivida por Scarlett Johansson, uma secretária com um segredo em sua ficha. Jon Favreau também participa do filme como ator, vivendo o segurança/motorista de Stark, Happy Hogan, aparecendo muito bem no filme, aliás.

Samuel L. Jackson e Clark Gregg, como os agentes da S.H.I.E.L.D. Nick Fury e Phil Coulson, nos lembram de que “Homem de Ferro 2” é parte de um universo completo e não de uma série comum. Jackson se diverte vivendo o personagem caolho, nos mostrando em pouco tempo de cena que Fury é mais perigoso – e importante – do que se pode imaginar. Já Gregg participa de duas cenas vitais para os próximos filmes da Marvel Studios (uma delas após os créditos da produção, por isso não saia da sala ao subir das letrinhas brancas!).

A direção de Favreau, como já mencionei, é mais voltada para os personagens do que na ação. As cenas pirotécnicas são poucas, mas eficientes, com destaque para o ótimo confronto do Homem de Ferro com Ivan Vanko em Mônaco. Devo ressaltar que, mais uma vez, o cineasta não soube como finalizar o filme em uma nota alta, com o conflito de Stark e Rhodes com o vilão simplesmente acabando e não sendo concluído. Enfim, uma falha pequena em meio a tantos acertos.

Com o seu “Eu sou o Homem de Ferro” no final do longa original, Tony Stark criou um novo tipo de celebridade no planeta: os super-heróis, algo que ficou bem explícito no filme e que o coloca em uma categoria bem diferentes de películas mais sérias como “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Esta continuação pode até não superar o seu predecessor, se mostrando no mesmo nível, mas apresentando novos e interessantes desafios para o seu protagonista, bem como sendo a pedra fundamental no surgimento de um novo tipo de franquia. Recomendado.
Nota: 9,0 (Denis Santos)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Eu vi !


Alice no País das Maravilhas só não é o grande filme que muitos gostariam porque o diretor Tim Burton nunca foi muito bom em narrar histórias. Seus filmes em geral têm roteiros ruins e a ação não é seu forte, mesmo que algumas obras, como Edward Mãos de Tesoura, as tramas sejam muito belas. Ao contar a superconhecida história de Alice, as cenas de ação não funcionam e o final, com Alice tendo de matar um monstro gigantesco, Jabberwocky, simplesmente não convence - mas, sinceramente, quem se importa?

Fora isso, é o que há de melhor neste que sem dúvida é um dos grandes diretores americanos da atualidade. Sua adaptação por vezes é genial, com os dois universos, o de Lewis Carroll e o de Tim Burton, unindo-se de maneira quase perfeita. Só não vá esperando os maneirismos, as facilidades, os reducionismos e os clichês de um James Cameron em Avatar ou mesmo o gótico anódino e asséptico da Hogwarts de Harry Potter. A Wonderland de Tim Burton não é aprazível nem foi feita para agradar. Alice dificilmente encontrará lá um ambiente idílico e propício para a fuga : seus melhores amigos são seres para lá de bizarros, na maioria das vezes viciados. Caberá a Burton humanizá-los, e essa é uma das melhores coisas do filme.

Helena Boham Carter e o gato de Alice, Cheshire, são os maiores destaques. No caso do gato, é o melhor que o 3D trouxe ao filme. Tim Burton, desconfiado da nova tecnologia, não quis filmar com as famosas câmeras 3D de Avatar e Os Fantasmas de Scrooge (de Robert Zemeckis). Fez tudo no tradicional e depois convertou o resultado final. Talvez por isso por vezes a tecnologia atrapalha mais do que ajuda na narrativa e em muitos casos, bastante óbvia, incomoda. Nesse caso, a imersão de Avatar faz mais sentido: o 3D, pelo menos por enquanto, funciona melhor em filmes que envolvam lutas, explosões, guerras – o chamado "cinema físico", mas pode ser um insuperável instrumento nas mãos de um artista como Burton, e seu gato de Cheshire é a melhor prova disso.

Na adaptação, feita por Linda Woolverton, roteirista de A Bela e a Fera e O Rei Leão, a maior mudança é a idade da protagonista, agora com 19 anos. É um dos grandes acertos do filme, pois o livro é visto por muitos como cheio de insinuações à pedofilia (Lewis Carroll era fotógrafo e adorava registrar garotinhas). Esse tipo de peso poderia arruinar a obra. No resto, Tim Burton não mexeu e as muitas insinuações aos alucinógenos estão presentes, seja no fumacê que Absolum, a larva azul sábia (voz de Alan Rickman), solta sem parar, seja nas poções e chás esquisitissímos tomados pelos personagens.

Helena Boham Carter, com sua cabeçona (interpretava sempre para uma câmera especial para deformar sua figura), tem o melhor da animação, da computação gráfica e dos efeitos especiais em si e ao seu lado. Tim Burton, seu marido, com quem tem dois filhos, utilizou vários processos de animação, mesmo com massinha, para compor a aberrante corte da Rainha (mistura da Rainha de Copas, de As Aventuras de Alice nos País das Maravilhas, e a Rainha Vermelha, de Alice Através do Espelho, a continuação do primeiro livro – em ambos é baseada a história). Como Burton é um especialista na área, o resultado é por vezes avalassador.

Burton disse ter visto mais de 60 versões, entre filmes, seriados ou quadrinhos, de Alice nos seus 55 anos de vida. Reclama que a maioria não funcionou justamente por serem muito apegadas ao original e muito "literárias". Preferiu propositalmente apegar-se aos personagens e dar-lhes sua visão pessoal. Pode ser que a fraqueza do filme esteja aqui, ao não focar na narrativa, mas é com certeza um de seus pontos fortes também: a maneira como Burton apresenta todos, sempre compreensivo e interessado, mostrando as bizarrices sem nenhum constrangimento, como os mortos de A Noiva Cadáver, perfeitamente bem no que restou de suas peles. E Johnny Depp funciona, com seu misto de ternura e loucura, nesse processo de humanização.

Burton prefere os diferentes. Injeta neles uma carga de humanidade que os tira dos estereótipos. Neste Alice in Wonderland, dá contornos impensáveis seja até mesmo para a imaculada Rainha Branca (Anne Hathaway). Seus monstros têm coração, seus loucos, lucidez. Se a Rainha Vermelha é má é porque sofre de solidão e pelo fato de negar sua condição física. Os outros personagens não têm esse tipo de problema – riem de si próprios e suas limitações.

Como já notou parte da crítica, de todos os personagens, justamente Alice é que teve o desenvolvimento menos satisfatório. Em pânico por ter de se casar, Alice foge e mais uma vez cai na toca do coelho. Durante sua estadia em Wonderland (ou Underland), vai aprender conhecer a si própria, adquirir auto-confiança e enfim poder voltar à vida real preparada para o que a espera. É meio decepcionante sim, mas nunca simplista, pois Tim Burton se encarregou de fazer a transição com gentileza. Mas não é o melhor do filme, que está espalhada, seja na hipnótica direção de arte, seja na multidão de pequenos detalhes que tanto enriquecem seus filmes. O melhor de Tim Burton está nos detalhes.

Nota: 7,0 (Denis Santos)

Livro - A menina que brincava com fogo


O segundo volume da trilogia Millennium tem como fio condutor a personalidade complexa e os segredos ocultos de Lisbeth Salander, a jovem e destemida hacker que agora é acusada de três assassinatos brutais.

“Não há inocentes. Apenas diferentes graus de responsabilidade”, raciocina Lisbeth Salander, protagonista de A menina que brincava com fogo, de Stieg Larsson. O autor — um jornalista sueco especializado em desmascarar organizações de extrema direita em seu país — morreu sem presenciar o sucesso de sua premiada saga policial, que já vendeu mais de 10 milhões de exemplares no mundo.Nada é o que parece ser nas histórias de Larsson. A própria Lisbeth parece uma garota frágil, mas é uma mulher determinada, ardilosa, perita tanto nas artimanhas da ciberpirataria quanto nas táticas do pugilismo, e sabe atacar com precisão quando se vê acuada. Mikael Blomkvist pode parecer apenas um jornalista em busca de um furo, mas no fundo é um investigador obstinado em desenterrar os crimes obscuros da sociedade sueca, sejam os cometidos por repórteres sensacionalistas, sejam os praticados por magistrados corruptos ou ainda aqueles perpetrados por lobos em pele de cordeiro. Um destes, o tutor de Lisbeth, foi morto a tiros. Na mesma noite, contudo, dois cordeiros também foram assassinados: um jornalista e uma criminologista que estavam prestes a denunciar uma rede de tráfico de mulheres. A arma usada nos crimes — um Colt 45 Magnum — não só foi a mesma como nela foram encontradas as impressões digitais de Lisbeth. Procurada por triplo homicídio, a moça desaparece. Mikael sabe que ela está apenas esperando o momento certo para provar que não é culpada e fazer justiça a seu modo. Mas ele também sabe que precisa encontrá-la o mais rápido possível, pois mesmo uma jovem tão talentosa pode deparar-se com inimigos muito mais formidáveis — e que, se a polícia ou os bandidos a acharem primeiro, o resultado pode ser funesto, para ambos os lados.A menina que brincava com fogo segue as regras clássicas dos melhores thrillers, aplicando-as a elementos contemporâneos, como as novas tecnologias e os ícones da cultura pop. O resultado é um romance ao mesmo tempo movimentado e sangrento, intrigante e impossível de ser deixado de lado.
Nota: 10 (Denis Santos)

domingo, 18 de abril de 2010

Livro - Os homens que não amavam as mulheres


Primeiro volume da trilogia cult de mistério que se tornou fenômeno mundial de vendas, Os homens que não amavam as mulheres traz uma dupla irresistível de protagonistas-detetives: o jornalista Mikael Blomkvist e a genial e perturbada hacker Lisbeth Salander. Juntos eles desvelam uma trama verdadeiramente escabrosa envolvendo a elite sueca.

Os homens que não amavam as mulheres é um enigma a portas fechadas — passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Desde então, a cada ano, Henrik Vanger, o velho patriarca do clã, recebe uma flor emoldurada — o mesmo presente que Harriet lhe dava, até desaparecer. Ou ser morta. Pois Henrik está convencido de que ela foi assassinada.Quase quarenta anos depois o industrial contrata o jornalista Mikael Blomkvist para conduzir uma investigação particular. Mikael, que acabara de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström, preocupa-se com a crise de credibilidade que atinge sua revista, a Millennium. Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Mas as inquirições de Mikael não são bem-vindas pela família Vanger. Muitos querem vê-lo pelas costas. Ou mesmo morto. Com o auxílio de Lisbeth Salander, que conta com uma mente infatigável para a busca de dados — de preferência, os mais sórdidos —, ele logo percebe que a trilha de segredos e perversidades do clã industrial recua até muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet. E segue até muito depois… até um momento presente, desconfortavelmente presente.
Nota: 10 (Denis Santos)

The Flint Heart: Novo livro da autora de Ponte para Terabítia a caminho do cinema


As produtoras Bedrock Studios e Arcady Bay Entertainment estão desenvolvendo a adaptação ao cinema de The Flint Heart, romance de fantasia escrito por Katherine Paterson, a autora de Ponte para Terabítia.
De acordo com a Variety, o longa será concebido em live-action mesclado com computação gráfica. A trama, ambientada da Idade da Pedra à Inglaterra atual, mostra um amuleto mágico que dá poderes para quem o toca.
O livro será lançado nos EUA no início de 2011 pela editora Candlewick Press.
(Site Omelete)


quinta-feira, 15 de abril de 2010

MÚSICA - Chad Smith para crianças



(BR Press) - Enquanto o Red Hot Chilli Peppers acomoda seu novo guitarrista, Josh Klinghoffer, à rotina de shows e loucura da vida na estrada do rock, Chad Smith, o homem por trás da bateria do grupo, parece ter mudado um pouco a trilha sonora da sua vida. Após ingressar no grupo Chickenfoot, Chad recentemente se juntou à companhia do ator Dick Van Dyke, do musical Mary Poppins, e da cantora e produtora Leslie Bixler, para lançar o disco infantil intitulado Rhythm Train.
Em entrevista ao site Spinner.com, o baterista, que além de realizar seu trabalho de praxe, também interpreta as vozes de um pirata e um condutor de trem, disse que projeto infantil não muda seu profissionalismo: "Eu não posso tocar tão pesado quanto na banda, mas ainda assim estou tentando ser criativo e tocar as canções da melhor forma possível".
Dyke, por sua vez, revelou a dificuldade em entoar canções de rap: "A minha geração não é louca por rap. O gênero tem uma batida ótima, mas eu juro por Deus que nunca fui capaz de entender uma palavra. Eu não sei o que eles estão dizendo", revelou o ator de 85 anos.

Ouça o Rhythm Train em: www.therhythmtrain.com

Chega ao fim o Supergrass



Os britânicos do Supergrass anunciaram em comunicado na última segunda-feira o fim do grupo. O comunicado abaixo:
"Agradecemos a todos que nos apoiaram ao longo dos anos. Nós ainda amamos um ao outro mas, sem clichês, nossas diferenças musicais nos levaram a seguir adiante e é claro queremos bem um ao outro no futuro."
O Supergrass estorou nas paradas no Brasil com o hit "Alright" lançado no meio dos anos 90, porém a banda não viveu só de "Alright" outros hits como"Richard III"e "Pumping On Your Stereo" bombaram no país e no mundo.
Os atuais ex-integrantes do Supergrass são: Gaz Coombes (voz, guitarra), Mick Quinn (voz, baixo), Danny Goffey (voz, bateria) e Rob Coombes (teclados).

Kick-Ass - Quebrando Tudo


A adaptação ao cinema da HQ de Mark Millar e John Romita Jr. narra a história de um adolescente normal, Dave Lizewski (Aaron Johnson), que decide adotar o codinome Kick-Ass, vestir uma fantasia de super-herói, empunhar bastões e combater o crime.
Dirigido por Matthew Vaughn (Nem Tudo É o que Parece), o filme chega ao Brasil em 11 de junho. Já a HQ sai em abril.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Eu vi !



O azul e o amarelo predominam na paleta setentista de cores de Um Olhar do Paraíso. Estão em contraste tanto nas cenas pós-morte (o mar e a areia, o campo e o céu) quanto na realidade (cortina alaranjada, livro de fotos azul, papel de parede amarelo, roupas azuis). Até o cabelo descolorido e a lente de contato de Stanley Tucci seguem esse esquema.
No mais, amarela é a calça e azul é a blusa de Susie Salmon (Saoirse Ronan), a protagonista e narradora da história, menina de 14 anos que depois de assassinada passa a observar, do além, a vida das pessoas que viviam ao seu redor. Existiria na escolha de cores do diretor Peter Jackson alguma intenção?
Coincidência ou não, azul e laranja são também as cores mais usadas em pôsteres de filmes hollywoodianos de uns anos pra cá. O contraste que já foi ferramenta de egípcios, impressionistas e já serviu ao filme Amor além da vida, hoje está em todos os lugares.Teoricamente, são tons complementares: o azul transmite calma, o laranja, energia.
Mas o que há entre esses dois extremos de sensações? Essa é a pergunta que pontua o filme inteiro.
A dualidade se estende ao roteiro. De um lado temos o espectro de Susie em paisagens bucólicas observando tudo aquilo que perdeu, é o drama e a fantasia de Um Olhar do Paraíso, a cor azul. Do outro, a trama continua a se mover. Sempre que Susie sai de cena o mistério da morte se intensifica; é o lado suspense do filme, a cor amarela. Para ligar as duas pontas há mementos no além, como a bola de borracha, a menina oriental ou as cenas submersas, servindo de pistas policialescas.
Embora sejam vistosos os efeitos visuais que Jackson saca para pontuar esses mementos de ligação, ele tem dificuldade em conciliar as duas metades do filme. Há quem diga que o diretor trata muito levemente um tema pesado - afinal, a menina de 14 anos que agora dança fora antes estuprada e esquartejada - mas no fundo a questão é anterior. O que pega é que Um Olhar do Paraíso parece mesmo dois filmes opostos. Quando se fundem, como na cena de amor no final, a estranheza é inevitável.
Talvez a intenção seja essa: demarcar tudo o que diferencia a Terra do além. Aqui embaixo, vivemos em simulacros de felicidade - a casa de bonecas, o mundo supostamente perfeito da snowball, os barcos nas garrafas. O shopping, em particular, e o subúrbio das casas idênticas, de modo geral, são versões ampliadas dessas redomas. Não por acaso um outro claustro, o cofre, é peça-chave no filme.
Já no além tudo é horizonte e luz infinita. Câmera sempre em movimento lateral, com música. Não há ironia quando uma outra fantasma diz para Susie: "É claro que tudo aqui é lindo, aqui é o paraíso". Se Jackson, criado no gore, desconfia da beleza e da perfeição que nos cerca - um laço vermelho gigante não impedirá uma menina de morrer de leucemia, frisa-se no começo do filme -, o paraíso é à prova do céticos, onde cafonices como rosas gigantes, coretos e amantes latinos são instantaneamente aceitos, um terreno que dispensa reflexão.
Não há ironia no paraíso, mas talvez haja na frase final de Susie, desejando "uma vida longa e feliz" para nós. Dentro desse filme onde tudo é bicolor, estar vivo, para Jackson, é o verdadeiro motivo de luto.
Nota: 7,0 (Denis Santos)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Filmes que marcaram a década

PARIS (AFP)

Da fantasia oriental de ''O Tigre e o Dragão'' à dura realidade das ruas da capital indiana em ''Quem quer ser um milionário?'', segue uma lista cronológica dos filmes que marcaram a década, criada pela AFP.

2000 ''O TIGRE E O DRAGÃO'' Globo de Ouro e Oscar de melhor filme estrangeiro, ''O Tigre e o Dragão'', do diretor Ang Lee, fez a Ásia ganhar o coração de Hollywood com este conto sobre um guerreiro em busca de sua espada perdida, que virou o primeiro filme legendado de maior bilheteria nos Estados Unidos, antes de ''A paixão de Cristo'', de Mel Gibson. Totalmente falado em mandarim, o filme mistura a estética oriental com a coreografia high-tech de ''Matrix''.

2001 ''SHREK'' Oscar de melhor animação, a história sobre um ogro verde e mal-humorado introduziu um novo personagem do universo dos contos de fada. O filme, que contou com dublagem de atores famosos e teve uma trilha sonora baseada em canções pop, estabeleceu o padrão de divertir com inteligência tanto crianças quanto adultos, a receita do sucesso do entretenimento para toda a família.

2002 ''DEVAS'' ''Devdas'', do indiano Sanjay Leela Bhansali, uma suntuosa comédia mundial sobre amores trágicos foi a primeira produção de Bollywood a ser apresentada no Festival de Cannes. O filme conquistou sete 'prêmios Oscar' da Academia Indiana do Cinema (IIFA).

2003 ''CIDADE DE DEUS'' Uma impressionante abordagem da violência em uma favela carioca dominada pelo tráfico feita por Fernando Meirelles, que revelou ao mundo a cruel realidade de 'crianças assassinas'. Com sua edição frenética e sua tensão permanente, inventou um estilo que conquistou o mundo e passou a ser imitado no cinema.

2004 ''FAHRENHEIT 9/11'' Vencedor da Palma de Ouro de Cannes, este documentário político marcou a década ao lado de outras duas obras do gênero, o ecológico ''Uma verdade inconveniente'', de Al Gore, e ''When the Levees Broke: A Requiem in Four Acts'', de Spike Lee sobre a trágica passagem do furacão Katrina por Nova Orleans. Entrevistando personalidades e militares, o polêmico diretor Michael Moore conta os bastidores do governo de George W. Bush e sua chamada ''guerra ao terrorismo'', às vezes manipulando a edição para atingir seu objetivo de denunciar os absurdos das guerras no Afeganistão e no Iraque.

2005 ''BOA NOITE E BOA SORTE'' Com direção de George Clooney, que conduz a trama em forma de documentário, o filme se baseia na história real do jornal Edward R. Murrow, apresentador de um programa de tv jornalístico que se consagrou a denunciar a ''caça às bruxas'' promovida pelo senador Joseph McCarthy para perseguir supostos comunistas.

2006 ''BABEL'' Dirigido pelo mexicano Alejandro Gonzalez Inarritu, premiado em Cannes, traça uma complexa e criativa teia de aranha em que personagens de continentes e culturas diferentes têm suas vidas cruzadas após um acidente. Recebeu sete indicações para o Oscar, mas foi premiado apenas por sua trilha.

2007 ''A VIDA DOS OUTROS'' Produção alemã assinada por Florian Henckel von Donnersmarck, é um comovente drama que mostra como o governo de Berlim Oriental buscava preservar seu poder através de um cruel sistema de controle e vigilância sobre os cidadãos. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro.

2008 ''VALSA COM BASHIR'' Globo de Ouro e Oscar de melhor filme estrangeiro, ''Dança com Bashir'' eleva a animação um estágio superior ao contar a história de Ari Folman, um veterano da guerra do Líbano de 1982, que tenta recuperar as memórias perdidas no massacre de Sabra e Shatila.

2009 ''QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO'' Filme de pequeno orçamento, sem astros famosos e distribuído em poucas salas, esta produção britânica dirigida por Danny Boyle conquistou o mundo com sua história singela sobre um órfão de Mumbai e seu sonho de ficar rico para poder ficar com seu amor de infância. Conquistou oito prêmios Oscar e quatro Globos de Ouro.

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